Graça Machel pede à Frelimo que entregue o poder a Venâncio Mondlane para evitar mais mortes em Moçambique
Numa declaração surpreendente e carregada de apelo à reconciliação e à paz, Graça Machel, renomada ativista e viúva de Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique independente, fez um pedido direto à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo). Ela instou o partido no poder a entregar o governo a Venâncio Mondlane, líder do partido Podemos, para que se ponha fim à instabilidade e às mortes que têm marcado o cenário político e social do país.
Graça Machel, reconhecida por sua trajetória de defesa dos direitos humanos, afirmou:
"Eu sou da Frelimo, sempre fui. Mas o que está acontecendo ultimamente no nosso país não está nada bem. Todos nós sabemos que Moçambique pertence ao povo moçambicano. Neste momento, é necessário colocar os interesses do país acima dos interesses partidários. O povo escolheu Venâncio Mondlane e o Podemos para governar. Precisamos respeitar essa vontade popular."
O discurso foi feito durante um evento público em Maputo, onde Machel reiterou que sua posição não é um ataque à Frelimo, mas uma chamada de atenção para que o partido reconheça a gravidade da situação atual.
"A estabilidade e a paz são mais importantes do que a permanência no poder. Não podemos continuar a assistir nossos irmãos e irmãs morrerem por conta de conflitos evitáveis. A democracia significa ouvir a voz do povo, e essa voz foi clara. Vamos demonstrar maturidade política e entregar o poder a quem o povo legitimamente escolheu."
A declaração ganhou repercussão imediata tanto nas redes sociais quanto nos círculos políticos. Para muitos, trata-se de um posicionamento corajoso de uma figura histórica que, ao longo dos anos, demonstrou grande compromisso com os valores democráticos e a proteção dos mais vulneráveis.
O atual contexto político moçambicano é marcado por tensões pós-eleitorais e disputas em torno da legitimidade dos resultados das eleições. O Podemos, liderado por Venâncio Mondlane, conquistou significativa popularidade entre os eleitores, desafiando a hegemonia de décadas da Frelimo.
A declaração de Machel adiciona um novo elemento ao debate político nacional e pode pressionar ainda mais a liderança da Frelimo a buscar soluções para evitar o agravamento da crise.
Até o momento, a Frelimo não se pronunciou oficialmente sobre o apelo de Graça Machel. Analistas acreditam que a declaração pode abrir espaço para um diálogo mais amplo sobre a necessidade de reformas e de um compromisso renovado com os princípios democráticos em Moçambique.
Com o apelo de uma figura histórica de peso como Graça Machel, as expectativas agora recaem sobre os próximos passos dos líderes políticos do país. Moçambique está diante de uma encruzilhada: respeitar a vontade popular ou prolongar um impasse que pode custar ainda mais vidas. veja mais